domingo, 24 de agosto de 2014

O uivo da Górgona - parte 8



Jonas falava baixo e olhava em torno de tempos em tempos, como se suas palavras o fizessem alvo das criaturas:
- Entenda, eu moro aqui em cima do mercadinho. E tenho insônia. Faz um bom tempo que não tenho namorada e, nas noites em que não costumo dormir, costumo ficar na sacada do meu quarto, olhando para a rua, para o movimento. Foi o que fiz ontem. Era... deixe-me ver... onze horas, onze e meia? Tudo parecia normal. Muitas pessoas na rua, muitas na frente de suas casas ainda. Outras já começavam a se recolher. Uma noite normal como todas as outras. Então eu ouvi aquele som estranho e estrondoso. Parecia uma música, mas não era uma música. Parecia mais como se você colocasse dezenas de carros de som um do lado do outro e o resultado era uma... como dizer?
- Cacofonia? – atalhou Edgar.
- Sim, acho que seria isso. então havia esse som estranho, em volume altíssimo, se aproximando. E esse som parecia mexer com as pessoas. Eu olhava para elas e elas pareciam se transformar. Não sei dizer ao certo o que era, mas aquela música mexia com elas. E aquilo foi ficando cada vez mais próximo, até que pude perceber de onde vinha. Era uma espécie de carro de som, mas era bem maior, como um caminhão.
- Um veículo? Quem dirigia?
- Eu não conseguia ver. Ele passou na avenida principal, longe daqui. Além disso, logo parei de olhar para ele e olhei para a rua. Cara, foi o caos.

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