O som fez com que se assustasse. Era um emaranhado de vozes
desconexas, um engasgar coletivo sem sentido e apavorante.
- Esconda-se! – ordenou o homem negro.
Edgar sentou-se, as costas apoiadas na parede do mercado. A
menina não parecera ter ouvido aquele som angustiante, mas quando viu os dois
homens se escondendo, aproximou-se do mais velho e aconchegou-se em seu colo.
(ela está tremendo, ela está tremendo de medo, pensou ele, o
que aquela menina vira?)
Então o som foi se tornando cada vez mais presente, mais
forte e mais assustador. Quantas pessoas havia lá fora?
O homem negro estava atrás de uma gôndola e fez novamente o
sinal para Edgar, pedindo silêncio. A menina o olhou, e agarrou a ele.
Ele se arriscou a inclinar a cabeça e, por entre pacotes de
salgadinhos, a imagem do caos apareceu para ele.
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