O grupo compacto se arrastava pela rua, como se fosse um só
corpo. Havia homens, mulheres, crianças, idosos, entre eles. Mas parecia um enorme
grupo de mendigos. Estavam todos maltrapilhos, suas roupas sujas, seus cabelos
desgrenhados. Andavam como se não soubessem para onde ir, como se apenas um
estivesse acompanhando o outro. Tinham olhares perdidos, vagos, como se a alma
lhes tivesse sido arrancada e não sobrasse nada além de uma casca. Uma menina
de uns seis anos andava entre eles, ia andando e arrastando uma boneca pelos
pés. O cabelo da boneca ia como uma vassoura, se arrastando pelo asfalto sujo,
mas a menina parecia não se importar. Sua roupa estava muito suja e havia uma
grande mancha marrom em sua calcinha de renda, que aparecia nitidamente por
baixo da saia.
Uma das pessoas, um velho, se aproximou demais de um rapaz e
foi empurrado. Ele se levantou e rosnou para este, como um cachorro que rosna
para outro. Os dois se encararam, mas em segundo pareceram esquecer isso e
voltaram a se juntar ao coro.
Em outro canto, uma velha usava apenas um lado de uma
pantufa, o outro pé arrastando uma meia muito, muito suja. Um óculos quebrado
pendia de seu rosto, preso apenas por uma orelha, mas ela não fazia qualquer
gesto para tirá-lo ou coloca-lo de maneira correta.
(zumbis, pensou Edgar, parecem zumbis)
Então ouviu-se um grito e uma mulher correu, atravessando a
rua pouco à frente do grupo.
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