quarta-feira, 13 de abril de 2016
sexta-feira, 14 de agosto de 2015
Esboço da capa
Este é o primeiro esboço da capa do livro O uivo da Górgona. O desenho é do talentoso desenhista João Ovtzke, de Guarapuava (Paraná) e mistura zumbis e górgonas. Gostaram?
segunda-feira, 27 de abril de 2015
O UIVO DA GÓRGONA - PARTE 35
- Sabe, eu
não suporto som alto. – disse Alan quando entraram no prédio. Eu moro com mais
dois amigos da faculdade e durmo com tampões no ouvido. Também fiz um
isolamento acústico improvisado, com caixas de ovos, no meu quarto.
Estavam
entrando no prédio. Edgar ia na frente, a garotinha segurando em sua mão.
Gostaria de ter algo na outra mão, talvez um porrete, para não se sentir tão
desprotegido. Depois dele vinha Jonas e lá atrás o garoto, falando e falando e
falando.
- Quando eu
acordei de manhã, a casa tinha virado um inferno. Eu pensei: cara, o que esses
caras tomaram ontem à noite? Então saí e vi que não tinha ninguém na rua...
- Quieto! –
ordenou Jonas, o dedo na boca, em sinal de silêncio.
Era uma
situação delicada. Não havia nenhum zumbi na entrada, mas teriam que subir as
escadas e poderiam ficar encurralados ali.
sexta-feira, 24 de abril de 2015
O UIVO DA GÓRGONA - PARTE 34
O carro manobrou para o estacionamento de um conjunto residencial. Pareciam estar entrando em um cenário de guerra. Havia pedaços de móveis, televisões e até um fogão caídos por ali. Aparentemente, quando as pessoas se transformaram, muitas sentiram o impulso de jogar as coisas pela janela.
- Acho que
eles gostam de ver a destruição. – comentou Jonas.
Edgar fez
que sim com a cabeça. A menina escrevera que o apartamento em que morava ficava
no quarto andar. O elevador provavelmente não devia estar funcionando e, mesmo
se estivesse, seria arriscado pegá-lo.
Um
pensamento atravessou rápido sua mente: e se o prédio ainda estivesse cheio
daquelas coisas?
O UIVO DA GÓRGONA - PARTE 33
Um passarinho aproximou-se voando e soltou um longo pio. Apesar de tudo, quando mais tarde lhe perguntaram sobre o ocorrido, era a única coisa que Edgar conseguiria se lembrar. Os zumbis estavam lá fora, esmurrando e grasnando seu grito uníssono de ódio e violência, mas a sua mente se focara apenas no passarinho, talvez como uma forma de fulga. De alguma forma, sua mão direita engatou a primeira marcha e o pé fez seu trabalho. O carro saiu roncando e escabeceando como um touro, atropelando pessoas em seu caminho, mas o professor não se lembrava de nada disso.
Jonas
disse-lhe que a roda dianteira havia passado por cima de alguém, mas era como
dizer para um bêbado o que ele fizera na noite anterior.
De alguma
forma, o carro se livrou da horda e se afastou.
- Edgar?
Edgar?- perguntou Jonas.
O professor
parece despertar de um sonho, ou de um pesadelo:
- Sim?
- Como
estamos de gasolina?
Edgar olhou
o ponteiro. Tinham um terço de combustível.
- Você
deixou a mangueira derramando. – disse o rapaz lá atrás.
- Quem é
esse?
- Meu nome é
Alan.
- Você nos
colocou em apuros lá atrás.
- Eu sei. –
respondeu o rapaz, encolhendo-se no banco. Mas eu não queria correr o risco de
perder vocês.
- Melhor não
fazer isso de novo. Ou da próxima vez você não estará dentro do carro...
O UIVO DA GÓRGONA - PARTE 32
A tampa
finalmente encaixou, com um clique. Edgar pegou a chave e abriu a porta. Algo
agarrou seu ombro. Dentro do carro, os gritos de aviso haviam se transformado
numa cacofonia indistinguível. Mesmo com as garras segurando sua pele (dor,
muita dor), ele se abaixou e entrou no carro, ao mesmo tempo em que fechava a
porta. O homem que o segurava urrou, mas continuou apertando.
Edgar soltou
a porta e voltou a puxá-la, agora com mais força. Agora ela encontrou os dedos
do zumbi, que se afastou dali, olhando incrédulo para os próprios dedos.
- Vai, vai,
vai! – gritava Jonas, ao seu lado.
A chave
deslizou em sua mão e ameaçou cair (tremendo, minha mão está tremendo!),mas ele
conseguiu segurá-la e engatá-la na ignição. O carro ligou com um ronco leve,
como um gato que reclama de ser acordado.
Nisso, já
havia várias pessoas ao redor do carro. Algumas esmurravam, outra arranhavam o
vidro. Não demoraria muito para que uma delas desse o golpe certo.
quarta-feira, 22 de abril de 2015
O UIVO DA GÓRGONA - PARTE 31
O grupo se
aproximava cada vez mais e agora andava muito, muito mais rápido. Tinham visto
suas presas e não queriam perde-las.
- Entre
logo! – gritou Jonas.
- Só mais um
pouco!
A menina
bateu no vidro do carro, aflita. O rapaz de tênis all star parecia não se
sentir íntimo o bastante para reclamar, mas o medo era visível em seu rosto.
Então o
tempo se alterou, como se tudo acontecesse em outra dimensão, mais lenta.
Um dos
zumbis começou a correr. Edgar sabia que ele estava correndo, mas o via
lentamente, como numa imagem em câmera lenta. Outros o seguiram. Dentro do
carro, os três gritavam, mas Edgar não conseguia ouvi-los.
A mangueira
foi retirada do tanque e caiu no chão, soltando gasolina em espasmos, como uma
cobra em frenesi de morte.
O professor
pegou a tampa sobre o carro e tentou coloca-la, mas ela não encaixava. Olhou
para trás e viu que o zumbi estava apenas a alguns metros. Lá dentro, os três
tentava avisá-lo (eu estou vendo, eu estou vendo!).
Quantos
segundos? Quantos segundos até que eles o alcançassem?
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